Trekking no Parque Nacional Tierra del Fuego

Por Lucas Hainzenreder Longhi

Vou compartilhar um relato do meu último passeio em Ushuaia, ocorrido em 9 de janeiro. Sem mencionar os zoológicos, nunca presenciei um lugar que exibisse tanta diversidade natural como o Parque Nacional Tierra del Fuego. O parque protege 68.909 hectares e é o único da Argentina que combina ambiente marinho, florestal e de montanha, formando a costa marinha, lagos, vales, extensas turfeiras e magníficas florestas dominadas por lengas, guindos e ñires. Todos esses ambientes criam um cenário único com o ar mais puro que se pode respirar.

Pela manhã, embarquei em uma van e segui até a estação do Lago Roca, onde dei início a uma longa caminhada pelas trilhas desse parque. O local é extremamente bem cuidado e abriga uma fauna que desperta inveja em qualquer reserva natural. Logo no início da caminhada, na trilha à beira do Rio Lapataia, deparei-me com centenas de lebres cruzando meu caminho, buscando refúgio em suas tocas ou sob os arbustos. Certamente, eu era um visitante estranho no habitat delas, mas esses animais vivem tão livremente ali que parecem não ter medo dos seres humanos. Além das inúmeras lebres, era possível avistar alguns falcões sobrevoando a área.

Após concluir a primeira trilha, às margens do lago, passei por uma unidade do exército argentino e segui para a trilha denominada “Paseo de la Isla”. Durante o trajeto, diversas espécies de aves planavam no ar gélido que soprava das montanhas. O lago, as encostas, as montanhas – tudo era deslumbrante e continua vívido em minha memória. Ao sair da trilha, entrei na estrada principal, Ruta 3, e segui por uma pequena estrada com a inscrição “mirador”. Ali encontrei dois brasileiros de São Paulo, com quem conversei um pouco sobre os lugares que já havíamos visitado. Despedi-me dos compatriotas e prossegui em meio às matas da região. Em outra trilha de trekking, chamada “Paseo del Mirador”, pude contemplar várias espécies de árvores locais. Continuando a caminhada, cheguei ao lugar conhecido como o fim da Ruta 3. Essa estrada é uma das mais importantes da Argentina, atravessando o país inteiro e terminando exatamente onde eu estava, em meio a uma paisagem natural elegante no fim do mundo. Retornei pelo caminho, explorando outras trilhas de trekking existentes, sempre observando e registrando momentos com minha câmera. O passeio rendeu fotografias excelentes.

Este lugar guarda a história dos yámanas, antigos habitantes dessas terras. Se você prestar atenção, poderá encontrar montes de conchas de mariscos e mexilhões, vestígios de sua alimentação, conhecidos como “concheros”, que nos lembram que essas terras são habitadas há mais de 10.000 anos.

Iniciei o retorno ao Lago Roca pela estrada principal, já que uma grande tempestade estava se formando. Faltavam apenas alguns metros para chegar ao acampamento quando a chuva começou a regar aqueles belos bosques. Olhei para o relógio: eram 17 horas e ainda faltavam duas horas para a van chegar. Infelizmente, não pude fazer mais trilhas devido à intensidade da chuva e à queda de temperatura. Regressei a Ushuaia com o desejo de voltar e acampar no parque, mas isso não seria possível naquele momento. Precisava me organizar e continuar minha viagem. No entanto, tenho certeza de que voltarei um dia e acamparei lá, pois muitas árvores, pássaros, lebres, lagos e montanhas esperam para serem fotografados e apreciados.

Aqui você pode baixar um mapa das trilhas do local (edição 2017).

Vejam algumas imagens da minha viagem.

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