Rio de Janeiro: Por Juliano Perozzo

Relato de viagem ao Rio de Janeiro, 17 a 27/10/2008, Assembleia CBME, Banff e escaladas na cidade.

17/10 Cheguei às 04 da manhã no aeroporto do Galeão, fiz um reconhecimento das proximidades e achei melhor pegar um táxi até o Alpha Hostel, Rua Praia de Botafogo, 462. No final da tarde fui com o Bernardo (Presidente da Femerj) e a Mariana ao Pão de Açúcar e escalamos a via “As de Espadas” VIsup. A Mariana guiou as 2 primeiras e eu as 2 últimas enfiadas, chegando na aresta do costão, com excelente visual. A noite fui na Lapa com alguns hospedes do Hostel (casal de italianos: Simone e Nora e amigos de Buenos Aires, Sebastian e Romina. Samba do bom, turistas do mundo inteiro, grandes contrastes culturais, crianças e famílias dormindo na rua, a 10 metros do samba (sob os arcos da Lapa), mais 10 metros e um “mictório” a céu aberto, não havia estrutura de wc´s, os bares lotados, muitos sem banheiros e outros cobravam uma taxa para utilização. Haviam cerca de 2 mil pessoas na rua, fora os bares (uns 50 dos mais variados estilos).

18/10 O Bernardo passou no albergue (07h) para irmos escalar na Pedra do Ser mas, o samba na Lapa foi até amanhecer e o pessoal do albergue não conseguiu me acordar. Almocei lá pelas 15 horas. Bom, era sábado e à noite, “Hip Hop no Rio”, na Lapa. No início me senti meio deslocado mas aí, a gente vai vendo e aprendendo, ambiente agradável, e logo começa a dançar.

19/10 Acordei às 14 horas com a mensagem do Bernardo sobre a última etapa do Campeonato Estadual de Escalada em Boulder, na Limite Vertical, perto do albergue em que estava. Fui lá conferir e só os feras: Ralf, Hilo, Patrícia, Muniz, e mais uma galera. Tava tri bom, escalei alguns boulders do campeonato, bati fotos, troquei as camisetas da ACM pelas do evento, que foi até as 21 horas, saindo da Limite encontrei a Marcela Chaves, que já havia vindo a Caxias e com quem conversei um pouco. Chegando no albergue me convidaram para o “Funk”, vamos lá… Janta, banho e fomos ao “Castelo das Pedras”, no Rio das Pedras. Ônibus mais Van, pavilhão gigante lotado, galera sem camisa, mulatas dançando pra caramba e o DJ animado conduzia bem a festa. Os wc’s tbm não davam conta e o pessoal urinava nas paredes e cantos do banheiro. A calça longa exigiu uma limpeza técnica abaixo das canelas no outro dia. Na volta, Van até a Gávea mais táxi até Botafogo, a 140 km/h, as 5 da manhã.

20/10 Almoço às 16 horas, lava roupa, som ambiente no albergue. A noite escalada na Limite Vertical com Bernardo, até matar os braços e depois bate papo no boteco com Hilo mais 2 parceiros: 1 do Rio e outro de Minas.

21/10 Escalada do Costão. Fui fazendo umas imagens desde o momento que saia do hostel. Na pista Cláudio Coutinho (circula parte do Pão de Açúcar), encontrei novamente a Marcela, agora fotografando macacos estrela, lagartos e o pássaro “tche sangue” (peito bem vermelho). Conversamos um pouco e logo chegaram outros escaladores: Marcio Bortolusso (gaúcho de Carazinho) e Fernanda Lupo (fotógrafos) e o amigo Fernando (iniciando na escalada). Subimos o Costão juntos até o crux onde tivemos que aguardar um congestionamento na via, brincamos que era o escalão Hillary, no Everest. Como não havia levado corda nem cadeirinha decidi manter o plano e passei o lance de sapatilha, magnésio e capacete. Feliz após dominar o lance, tranqüilo, fiz algumas fotos do Marcio e da Fernanda e acabei subindo o resto do Costão com o Marcelo, último escalador da cordada anterior, que estava tbm solo mas acabou se encordando com o grupo de cima. Chegamos ao topo do Pão de Açúcar, fotos e logo pegamos o bondinho até o morro do meio e dali, cross country (correndo) na trilha até a pista Cláudio Coutinho. Daí fui ao albergue prepara-me para ir ao encontro dos veteranos. Na sede do CEB, ocorreu o V encontro dos escaladores veteranos. Presentes Paulo Macaco, Bernardo Collares, Alexandre Diniz, Waldeci Lucena (fotos dos antigos abrigos de montanha), apresentação de alguns clubes: CEG 50 anos, CERJ 70 anos, CEB 90 anos, e outros clubes. Escaladores (as) com mais de 80 anos e muitas histórias. Painéis dos encontros anteriores (2004/05/06/07) e painéis sobre sapatos de escalada cardado (com pregos) e China Pau (tipo alpargatas). Fiquei no encontro até as 22 horas. Entreguei o DVD dos Paredões de Caxias ao presidente do CERJ, J C Muniz e ao presidente do CEB, Rodrigo Taveira, com os quais conversei um pouco. Nelson Brugger foi aluno do Muniz, que o elogiou pelo conhecimento, interesse, participação,.. Tbm comprei os dvd’s do Paulo Macaco, com quem tbm conversei um pouco sobre o Muro 90 (campeonato de escalada que participamos juntos) em Curitiba, lembrando alguns antigos conhecidos.

22/10 Ontem, quando cheguei dos veteranos, baixei as imagens da câmara, tomei umas cervejas com os Italianos e os Argentinos, arrumei os equipos para a escalada e dormi perto das 3 da manhã. Acordei as 6, lavei a cara, mochila nas costas e encontrei o Bernardo chegando na Urca de bike. Rapidinho subimos a trilha para o Toten, nos encordamos e o Bernardo guiou todas as 4 enfiadas, de VIsup a VIIc e algumas passadas venenosas com proteção móvel, misturando 3 vias diferentes: Cica, Cacuete e Lacas e rapelamos pelo platô da Revolta. Regleteira constante, micrinhas instáveis e dinâmicos fortes. Para guiar levaria muitas quedas e em função da exposição provavelmente seria difícil passar o crux da fenda (proteção móvel), onde o Bernardo teve uma queda. Lances bonitos, paredes negativas e verticais. Toten gigante e desafiador. As dez da manhã estávamos novamente na base, ali encontrei o Julio Campanela, agora morando em Brasília, e mais dois escaladores na via Estopida. Fiquei com eles até o meio dia e voltei ao hostel. Lanche, banho e dormi das 14 as 22 horas, perdendo o primeiro dia do Banff. Como estava descansado fui a Lapa, hip hop de graça, interagindo com os(as) nativos.

23/10 Café/Almoço ai pelas 10 horas e fui para Ipanema, posto 9. Fiquei perto de um grupo de garotas bonitas, mar gelado, muitos banhos, sol forte e bate papo muito legal com as garotas e um casal de Taquara. Albergue, almoço/janta e… Banff, 19 e 21 horas. Depois bate papo com o “Formiga”, “Maluquinho”, Eric (não sei se está escrito corretamente) e outros que não recordo o nome e fomos todos ao “Democráticos”, na Lapa, comemorar o aníver da Kika e meu tbm, tava uma galera legal, vários escaladores (as): a Wal de Curitiba, a Camila com quem rachei o táxi na volta, e vários que não recordo o nome, tava tbm o Gustavo Timo e o Presidente da Abeta. Dançamos muito, um samba de ótima qualidade e excelente companhia.

24/10 13hs Café/Almoço, vitamina, e fui pra Urca. Encontrei o Ian, campeão iniciantes, escalando um boulder, junto com o Marcelo e outro amigo. Depois fomos nos Coloridos escalar a via Vermelha, 100 metros, IV, chegando lá estava o Francis, colega de trabalho nas Plataformas da Petrobrás, e mais um amigo. Escalamos todos um boulder protegido e exposto num teto no final da via, VIIa. Combinei com o Ian e o Marcelo de escalarmos a K2, no corcovado, Domingo. Banff 19 e 21 horas.

25/10 7 horas da manhã no local indicado, bairro Flamengo, casa do Maicon e com o Bernardo fomos para a Barrinha, próximo a Pedra da Gávea. Trilha de 20 minutos, parede levemente negativa, longa, muitas vias. Entramos na Filé Com Certeza, IXa, 30 metros. Muito bom, não consegui resistir a passagem pelo crux abauloado e depois a regletera vazante. Visual massa, imponente, como tudo no Rio. Belas quedas! O “Babu” chegou na seqüência e escalou conosco, logo foi chegando a galera “alemão” (esqueci o nome) de Curitiba, a Roberta escalando um IX muito bonito(a)! e vários outros escaladores e escaladoras. Voltamos as 14 horas. Albergue, banho, metrô, e direto pra Assembléia da CBME, pauta: Eleição; Padrão de competência para guia de montanha; Site CBME/Segurança em montanha/divulgue esta idéia; Acesso as montanhas (pronunciamento do André Ilha); Panorama geral das Federações,…Tudo transcorrido normalmente… Depois Banff, 19 e 21 horas e a festa de encerramento. Culinária Casca Grossa (júri popular) e Uruca (júri técnico) foram alguns dos ganhadores. Galera legal, saudável, a maioria escaladores(as), dj gente fina, rock, samba e forró do bom. Conheci a Rita, de Teresópolis, muito querida, ela conhecia o Ralf, que ta com um Refúgio na serra. Nesta estada no Rio encontrei pessoas que conheci quando comecei a escalar, há 18 anos, outras que não via há 10 anos e outras que nem conhecia mas, que me influenciaram na minha vida de montanhista, amigos de amigos, pessoas que sempre lembraremos pelos bons momentos, valeu a todos que estavam na capital da escalada no Brasil, foi um prazer ter convivido com vocês!

26/10 10 horas, arruma as coisas no albergue, paga a conta, bota a mochila dos equipos nas costas e vamos escalar a K2, 150 metros, VIsup/VIIa, no Corcovado. O Marcelo passou no albergue as 14 horas e deixamos o carro na entrada pro Cristo, no caminho das Vans que levam os turistas pra cima do morro. Confirmei com Bernardo (fone) a entrada da trilha e após 15 minutos estávamos na base da K2 e fim da trilha. As quatro enfiadas foram sensacionais, inclusive usando alguns friends entre as proteções fixas. A 1ª enfiada, 35 metros, uma fenda de dedos seguida por uma outra um pouco maior. A 2ª enfiada, 20 metros, sai da fenda e segue por grampos para o lado mais exposto da parede. A 3ª enfiada, 35 metros, passa um crux com agarra bem alta, VIsup. A 4ª enfiada, 50 metros, conta com o domínio de 2 platôs, na saída do segundo um lance bem exigente VIsup/VIIa, junta no abauloado, pé alto e chama num reglete, depois fica fácil, termina numa rampa de aderência e micrinhas, use costuras longas para diminuir o atrito. Saindo da escalada uma trilha curta conduz direto a um senhor gigante de braços abertos diante do qual agradeci a oportunidade, valeu! Cheguei no albergue as 21 horas, arrumei as coisas, tomei um banho, fui comer uma pizza e me despedir do Rio. Logo depois, táxi ao aeroporto do Galeão, escala em Sampa, e chega em Poa, ônibus pra Caxias, agora vamos trabalhar um pouco…

Juliano Perozzo

Confira algumas imagens:
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