Inicialmente, há algum tempo eu (Jean) e meu amigo e companheiro de escaladas (Alexandre Baldissera) vínhamos conversando em abrir algumas vias. Como vamos muito ao PEMRA, optamos em abrir nossa 1° via lá. Então, começamos a explorar e observamos algumas linha entre a Código Braile e a Cibernéticos e estabelecemos como nossa primeira meta a via, pois temos como objetivo abrir entre duas ou três vias até o final do ano. O projeto: Uma via fácil (5°), Uma via com linhas Clássicas; Uma via para quem quisesse guiar pela 1° vez; Deixar a via muito bem protegida; E que esta via possa passar toda a adrenalina e a “vibe” que o local proporciona. Começamos a correr atrás de informações e proteção para a via. Participando da reunião semanal da ACM, o Alexandre ganhou chapeletas e no fim de semana seguinte (29.05.11), já com o projeto e a linha na cabeça de ambos, fomos ao “PEMRA”, chegamos lá com todas a ferramentas possíveis e mais um pouco, porém, faltava algo……”A FURADEIRA e algumas proteções” (ou seja, tudo pela metade) e sem ela vamos fazer o que, pensamos, pensamos e pensamos mais um pouco ainda e resolvemos limpar a base da vias, pois havíamos combinado que abriríamos a via de cima para baixo em top rope. Mãos a obras, de ferramentas na mão. Enxada e pá e cavadeira, começamos a limpar a trilha e tirar todos os gravatás (malditos) que ali se encontravam obstruindo a trilha (Lembro ate de um comentário, se olhar o google maps antes e depois olharem a mesma foto atualizada, verão o quanto de “desmatamento” teve naquela área, hehehe), mas foi para o bem e conforto dos que ali vem ou virão. Missão dada é missão comprida, limpamos a base da via e também começamos a olhar uma 2° linha do nosso próximo projeto. Aproveitamos a oportunidade e o dia (Céu azul de brigadeiro e temperatura agradável) e definimos onde colocaríamos as proteções. Empolgados com o projeto, fomos atrás das proteções que faltavam e no final de semana seguinte chegou ela, quem mais poderia ser, “a CHUVA”. Afinal, estávamos no inicio do inverno e como sabemos, é muitas vezes rigoroso, com muita chuva, frio intenso e umidade. Passamos entre duas ou três semanas bastante empolgados ainda, conseguimos todas as proteções que queríamos (bonier, chapeletas simples e com argolas, grampo “P” e grampos com correntes) e planejamos bem como iriamos montar a via, porém surgiu mais um problema: “A FURADEIRA”; não pode ser uma simples furadeira e teria que ser a bateria. Chegamos à conclusão que é muito caro comprar uma no momento. Passamos para o plano “B”, onde o mesmo partiu da conversa que tivemos com o Mauro D’Agostini e o Guila sobre nossa idéia da via e nos sugeriram que usássemos uma furadeira elétrica. Fomos para a tal ideia, apesar de demorar um pouco, conseguimos a furadeira. Mas surgiu outro obstáculo, quantos metros de extensão elétrica teriam que ter para tara façanha? Fomos ao “PEMRA” com a intensão de estudar melhor esta opção e constatamos que era a nossa melhor e única opção no momento ou desistir. Só que teríamos que puxar a extensão do quiosque (em mãos da ACM) até o local da via!!! Estando lá, aproveitamos e fomos escalar nossa via, montamos um top rope e escalamos, já olhando suas agarras e as melhores posições para as proteções, acho que neste dia escalamos umas duas ou três vezes a via. Já definimos onde seria sua parada e onde ficaria sua proteção fixa (BONIER) para top rope ou rapel. Mais uma vez a tal da “CHUVA” e alguns acontecimentos nos impediram de ir ao “PEMRA” durante as próximas quatro semanas. Nesse meio tempo, conseguimos tudo o que queríamos, extensão elétrica (160mt), Furadeira (Rompedor – Marca BOSCH) e estávamos em posse de todas as proteções e chumbadores. Neste período, fomos de certa maneira perdendo um pouco do tesão, sempre que combinávamos algo, sempre acontecia algo, ou chovia, ou outro imprevisto qualquer acontecia. Até que, chegou um dia em que não choveu e combinamos tudo bem certinho, porém neste dia, “a FURADEIRA” que pertencia ao meu compadre, ficou em seu carro, na mecânica. Liguei e perguntei pela tal, logo veio à informação devastadora, onde ele havia esquecido no carro. Logo pensei, putz… Fudeu amanhã….Pensei mais um pouco em como resolver a situação, liguei para ele e conversamos em ligar no sábado de manhã e ver se estaria aberto à mecânica. Tínhamos uma chance ainda de começarmos a via neste sábado. Na manha seguinte, como combinamos de sair mais tarde devido ao fato da furadeira, saindo de casa, recebo a ligação com mais uma a vez a triste noticia que a mecânica ñ abriria no sábado. Fomos para o “PEMRA” frustrados (Isto foi somente um fator, pois nestas semanas muita coisa vinha dando errada também e no meio do caminho conversando também observamos que faltava uma extensão elétrica ainda), pois parecia que não era pra ser montada aquela via. Em conversa a caminho do pico, resolvemos escalar a TIGALAMA para tirar todo o stress e a frustação que estávamos. Chegando lá, adivinha, tinha uma galera escalando a via que tínhamos escolhido; neste momento olhamos um para o outro e dissemos, “é não é pra ser mesmo….PUTZ…que zica do caramba….hehehehe…” Neste dia, malhamos mais uma vez a via que estávamos montando, revisamos todos os pontos onde seriam colocadas as proteções, conversamos um pouco com a galera e voltamos para casa. E mais uma vez semanas se passaram, a tal da “CHUVA de novo e mais alguns imprevistos e como das outras vezes estávamos com tudo em mãos e alguma coisa acontecia sempre, nos impedindo de ir ao “PEMRA”“. Neste período negro, convidamos o nosso amigo Rodrigo Vacari para nos ajudar no nosso projeto, explicamos a ele como e onde seria a via e ele aceitou. No dia 28.07, combinamos tudo por telefone e na sexta feira noite nos encontramos para planejar alguns detalhes, onde mais uma vez bruxa estava solta, impedindo nosso amigo Alexandre de ir no sábado. Resolvemos ir, ao menos para colocar as proteções na base. Partimos na manha cedo, em direção ao “PEMRA” com tudo em mãos, porém o tempo ameaçava chuva. Chegando lá, notamos um vento forte e uma sensação que a chuva chegaria a qualquer hora. De imediato resolvemos dar andamento ao projeto, em questão de minutos, estávamos com a extensão estendida até onde queríamos e todas as ferramentas junto a nós. Demos uma conferida na pedra para ter a certeza que estávamos colocados as proteção em rocha solida e firme. Feito isto, resolvemos proteger uma linha de rapel ao lado da via onde é nosso projeto principal, colocamos lá duas chapeletas com argolas (Atenção, via inacabada). Partimos para a via, colocamos duas “BONIER” na base e logo abaixo mais duas proteções, confesso que naqueles momentos via um sonho sendo realizado. Terminamos cedo e fumamos um charuto para comemorar o inicio do projeto. Durante a semana seguinte, combinamos nosso retorno para terminar ao menos a 1° cordada da via, estando tudo combinado, mais uma vez algum imprevisto acontece e deixa nosso amigo Rodrigo Vacari impossibilitado de ir no sábado. Resolvemos eu e o Alexandre ir, pois já havia sangue no nossos olhos para dar sequencia ao nosso projeto, pois, passamos tempo planejando e correndo de atrás de tudo para poder realiza-lo. (31.07.11) No sábado, partimos cedo e fomos brindados com um dia maravilhoso e um céu azul de brigadeiro, isso sem contar a temperatura agradável que prometia. Chegamos lá rindo sozinhos e notamos um vento forte… Se querem saber, este vento não nos atrapalhou em nada….hehehehe…..Logo pegamos tudo o que precisávamos e saímos para o local da via, tudo montado e pronto partimos para dar fim a 1° cordada. Em poucas horas, estava tudo pronto, todas as proteções em seus lugares (confesso, que protegemos demais a via. Mas como citamos no nosso projeto, é uma via para quem deseja guiar pela 1° vez). Uma via clássica e fácil, sua parada ficou bem em cima de um pequeno platô (acreditamos que esta parada ficou um pouco exposta), estando nela, logo a sua direita é a saída. Uma saída bem delicada, que nos leva q pensar um pouco em quais agarras deve-se pegar, qual o movimento certo… Passando esta 1° proteção, as três seguintes estão muito próximas umas das outras (Este trecho da via ficou com muita proteção, o ideal seria apenas duas, mas já citamos no projeto acima). Chegando na 5° proteção, logo a direita tem uma laca por onde se deve seguir, dali por diante as proteções (Prox. 3) estão um pouco mais distantes (esticadas) umas das outras, porem este trecho tem muitas agarras boas e fáceis de escalar, chegando muito rápido a sua base logo acima onde tem duas “BONIER”. Conquistado a 1° parte do nosso projeto, ficamos muito eufóricos e satisfeitos. Convidamos alguns amigos nossos para conhecer nossa via e nos ajudar em sua graduação. Onde todos nos deram como parecer um 5° muito bem protegido. Em nossa 1° escalada depois de montada, Alexandre (1,66mt, hehehehe) estava guiando, quando repentinamente olho para cima e vejo como esta via ficou ideal “para gente pequena” escalar e neste mesmo momento falo a ele isso e ele concorda. Depois de ter escalado, logo batizamos a via com o nome “PRA GENTE PEQUENA”
Via conquistada por Alexandre Baldissera e Jean Ferrareze
Agradecimentos:
Mauro D’Agostini e Guilherme Franzoi, sempre nos apoiaram e nos incentivarem neste projeto com dicas e ideias fantásticas.
Jefferson Bauler, valeu pela furadeira meu compadre!
A Associação Caxiense de Montanhismo, pela doação de chapeletas, as quais ajudaram muito na conclusão da 1ª cordada da via, e pelo incentivo na conclusão de mais um projeto de escalada.