Em homenagem ao dia das mães, entrevistamos a associada Carin Marchiorato, que vai contar um pouco de sua trajetória como escaladora e mãe!
Como é ser mãe para você?
Significa ter uma razão de ser para o resto da vida, acho que foi a descoberta do verdadeiro significado da palavra AMOR.
Você escalou durante a gravidez? Contou com o apoio das outras pessoas?
Eu tentei escalar por duas vezes, mas não me senti bem, sentia um pouco de medo e receio, então optei por não escalar e só curtir a gravidez. Tive o apoio do meu marido Israel, acompanhando ele nas escaladas durante a gravidez. Fizemos inclusive uma trip de boulder para São Bento do Sapucaí – RS, eu estava de 8 meses, o José estava para nascer (na verdade ele nasceu duas semanas depois que voltamos), ia junto nos locais menos perigosos e ajudava incentivando e dando a “vibe”.
Foi muito difícil voltar a escalar depois da gravidez?
Nossa, lembro com se fosse hoje a primeira vez que fui para a rocha. O José Cael devia ter uns 4 meses, foi no meu campo escola Castelinhos do Anhangava – PR. Literalmente levei um “espanco” da rocha (risos). Por um momento achei que não conseguiria, mas não desisti. É como andar de bicicleta, o corpo pode estar fora de forma, mas não esquece como fazer.
Como você faz para conciliar cuidar do seu filho e manter uma rotina de treinos?
Não tenho uma rotina de treino há muito tempo, mas tento sim escalar ao menos uma vez na semana no muro e nos findais de semana ir pra rocha, mas não é fácil. Depois da maternidade descobri uma nova escalada na minha vida, muito mais divertida e prazerosa.
Quais picos de escalada você já frequentou com o seu filho e indicaria para outras mamães?
Já fiz algumas viagens pelo Brasil com o José, a primeira ele era bem pequeno, apenas 3 meses, viajamos de Curitiba para Caixas e voltamos. Sempre que podíamos viajar em família nós não hesitávamos. Fizemos uma viagem mais longa quando ele tinha 2 anos, fomos conhecer Ubatuba – SP, depois subimos para Ouro Preto – MG, voltamos com passagens em Tiradentes e São João del Rei também em MG, até chegarmos em São Bento do Sapucaí – SP. Foi um total de 4.000km saindo de Caxias ( de carro). Foi muito aprendizado, já que agora eu não me preocupava apenas com os equipamentos de escalada, mas sim com logística de toda a organização do José, roupas, comidas, lugar, os setores não podiam ser muito longe por que o equipo triplicou então a logística é outra.
Ano passado fizemos novamente uma viagem longa, agora como destino a Chapada Diamantina – BA( Avião). Fizemos muitas caminhadas e algumas escaladas. Foi mais um grande aprendizado para todos nós e principalmente para mim.
O que você gosta mais de escalar? Boulder, via, precisou fazer alguma adaptação no estilo da escalada após o nascimento do bebê?
Sempre curti a escalada em boulder, até escalo uma via ou outra, mas gosto mesmo é dos blocos pequenos (risos). Procuro escalar quando o José dorme, assim fica melhor para quando quero tentar algo no meu limite, prefiro estar tranquila, sem preocupação nenhuma. Então espero meu guri dormir, tentei no começo intercalar os dias de escalada com meu marido que também é escalador, no começo foi legal, mas depois preferimos escalar juntos, muitas vezes íamos caminhar e levávamos o crash quando rolava escalávamos e se não rolava climb ficávamos felizes iguais, só pelo prazer do passeio e estar em família.
Atualmente existem cada vez mais mães escaladoras que conciliam a rotina de treinos, trabalhos e estudos. Você se inspirou em alguma escaladora ou seguia dicas de amigas que também tinham filhos?
Sabe que a maioria das minhas amigas não são mães, mas tive o privilegio de engravidar juntos com algumas, como a Mara Imbelone, sempre que precisava pedia algumas dicas, pois a conheço e sei que também é apaixonada pela escalada. Mas na maioria das coisas aprendi sozinha junto com meu marido, amigo, companheiro. A primeira vez que fomos escalar levamos mochila, crash, comida e o José no bebe conforto, chegamos no setor de escalada totalmente cansados e acabados (risos).
Após a maternidade, você mudou sua percepção sobre a escalada, “apertou” mais, ficou mais motivada com os objetivos?
Sim mudamos muito com a maternidade, é um crescimento maravilhoso do seu próprio eu, da forma com que você enxerga a vida, e a escalada faz parte de minha vida. Hoje sinto prazer em escalar, desfrutar, brincar e cair. Apertar sempre gostei e vou continuar, não como atleta mas como mãe, mulher e apaixonada por essa brincadeira.
Como foi sua experiência em abrir uma via? Já tinha participado ou feito isso antes da maternidade?
Foi um grande desafio. No primeiro momento eu e meu marido queríamos muito desenvolver um novo setor aqui na Serra Gaúcha, um campo escola na verdade, então comecei indo junto, prestando atenção como ele fazia e os equipamentos que ele levava. Em uma dessas investidas no setor coloquei os equipamentos na minha cadeirinha e o meu marido perguntou: “E ai? Você quer tentar fazer uns furos?” Eu disse sim, e começamos a brincadeira. Adorei, fiquei muito feliz em poder contribuir para um esporte que faz tão bem, acho que foi mais uma motivação e um novo caminho que a escalada me proporcionou.
Você gostaria que a seu filho fosse escalador?
Isso vai ser uma decisão dele, eu vou respeitar o que ele estiver disposto a fazer, mas como companheiro de cordada eu iria amar, promover e proporcionar essas aventura com minha família.
Agradecemos a Carin por compartilhar conosco sua experiência. Aproveitamos também para desejar a todas as mães um Feliz Dia das Mães!