1 – E aí Juliano, Blz? Conta um pouco aí de como e quando você descobriu o montanhismo ?
Sempre gostei de aventuras, roubava o carro do meu pai e saia bem loco por ai, hehe Aos 16 anos, com o Paulo, Jimerson, Jardel e o Marco, fomos participar do Marumby Trophy 89, no Paraná. Foi minha primeira grande experiência em Montanha. O Paulo ficou mais uns dias por lá e o levaram a escalar em rocha. Chegando em Caxias não foi difícil convencer a galera mas, é claro, cadeirinha de corda, tenis de futebol de salão (antes do kichute), e cordas de seda-nylon (de caminhoneiro com alma), no Morro da Cruz em Galópolis, Caxias. Que aventuras memoráveis!
2 – Como você vê e define o progresso desde aquela época? O que mais mudou nos últimos anos em relação ao montanhismo em geral?
Hoje a região conta com instrutores qualificados, lojas de equipamentos e a internet que tem quase tudo menos a prática. Na época o grau máximo era VIIIa, hoje é XIa e projetos acima, principalmente na Gruta e no Salto.
3 – Sobre a questão do profissionalismo, o que você tem para dizer aquelas pessoas que querem viver do esporte? Como está o mercado?
O mercado existe, é pequeno e cresce aos poucos. Os instrutores devem buscar todas as qualificações possíveis, muito mais abrangente do que se pensa, primeiros socorros, meteorologia, orientação, liderança, ética, ecologia, resgate, aquecimento, exercícios de treinamento,… são alguns dos requisitos que devem ter os profissionais do mercado, além da maior experiência possível. O mercado busca aquele que se destaca por competência então acredito que este deve ser o requisito básico.
4 – Qual é a parte que você mais gosta? Cursos, treinamentos, venda de equipamentos, etc? Por quê?
Cursos, pois através deles é que posso manifestar tudo que descobri e aprendi através do montanhismo, principalmente a preocupação com o meio ambiente, ética, coragem, participação social e principalmente as belezas de estar junto a natureza.
5 – E a escalada esportiva, você anda treinando? Como está o desempenho?
Sim, venho treinando bastante, bem mais que uma vez, recentemente montei um muro para treino aqui em casa e estou treinando pelo menos 3 vezes por semana. Isso refletiu no meu grau mais alto já escalado, um IXa, na gruta, e alguns oitavos.
6 – Qual o local que você mais gostou de conhecer? o que fez por lá?
Todos os locais de montanha eu gostaria de voltar de tão espetaculares, Aconcagua, Plata, Ansilta. Um dos últimos foi Arenales, na Argentina, onde pude escalar em móveis, foi uma escola para mim, um aprendizado e tanto, quem sabe Bariloche logo mais!!
7 – Algum projeto de escalada em andamento? qual?
Meu projeto é estar sempre escalando, conhecendo, novas experiências. Gostaria de estar escalando nono grau aos cinquenta anos, vamos ver. Muitos projetos na cabeça, principalmente conquistas na região, buscando sempre um estilo mais limpo. E como falei antes, o sul da América do Sul promete!!
8 – Você lançou um DVD chamado “paredões”, onde divulga quase todas as paredes da região da serra gaúcha. Como foi esse trabalho e qual era o objetivo? Existe idéia de aprofundar o trabalho?
O objetivo era catalogar paredões para possíveis conquistas, preparar os proprietários das terras e subsidiar os montanhistas com informações. Foi um longo trabalho, 3 anos, com um belo resultado, mais de 70 paredões, se esse trabalho pudesse ser divulgado na net na sua totalidade seria ótimo mas, ainda não estou por dentro das tecnologias necessárias, quem sabe logo o Projeto Paredões de Caxias estará no ar, realmente gostaria.
9 – Recentemente você foi eleito presidente da Federação Gaúcha de Montanhismo. O que você pretende fazer? qual a área que é seu foco como presidente da maior estidade de montanhismo do estado?
Com a atual gestão, pretendemos dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito: Ranking estadual de escalada esportiva, Intervenção no Plano de Manejo dos Aparados da Serra e Serra Geral a fim de possibilitar a pratica do montanhismo nos Parques Nacionais, Disseminar a maior quantidade possível de informações aos montanhistas através do site da FGM assim como ampliar seu grupo de discussão, Consolidar os eventos de montanhismo tradicionais do estado, Contribuir significativamente com a CBME na formatação do Projeto de Qualificação e Certificação do Montanhismo no Brasil, entre outras coisas.
10 – Depois de tantos anos envolvido com o esporte, deixe uma mensagem para aquelas pessoas que estão iniciando.
A prática do montanhismo e da escalada traz enormes benefícios, além da prática de uma atividade física junto a natureza, amplia a consciência de que somos uma pequena parte de um conjunto único que é o nosso planeta e com isso também perceber que vivemos em sociedade, que é necessário a participação, que juntos podemos construir um futuro melhor e que não podemos ficar parados, que devemos agir, com amor, em busca de nossos sonhos e, só com eles é que saímos da “poltrona” e botamos a mão na massa, ou melhor, na rocha, e aí nos sentimos parte ativa e felizes por estarmos dando nossa parcela de contribuição, seja pelo social ou por nós mesmos. Coragem e superação são qualidades que adquirimos com a prática desta linda modalidade que é o Montanhismo e a Escalada em Rocha.